Apresentação
Localizada no município de Bocaina de Minas, MG, a Reserva Particular do Patrimônio Natural Ave Lavrinha, atualmente com um total de 72,27 hectares, foi homologada em 2006 pelo Instituto Estadual de Floresta de Minas Gerais, IEF/MG ¹. Em 2009, integrou-se a outras 19 unidades do Mosaico de Unidades de Conservação da Serra da Mantiqueira. Seu objetivo é a preservação dos recursos naturais, em perpetuidade, com a participação das comunidades do entorno. Busca-se, no coletivo, alternativas para um novo tipo de desenvolvimento na região com bases sustentáveis. Para isto, desde 1987, ano da aquisição da fazenda Lavrinha, ações de proteção, conservação e promoção da sua biodiversidade foram conciliadas à prática de agricultura orgânica, quintais agroflorestais, criação de animais para consumo.
Com o apoio de profissionais e instituições de pesquisa, são estudadas e implementadas, no entorno da reserva, tecnologias de manejo com foco na regeneração do solo, da vegetação, da fauna e dos recursos hídricos. Ao longo dos últimos 32 anos, vem se acumulando um conhecimento considerável em práticas e gestão. Também se formulam e implementam ações educativas e socioambientais junto à parcela da população local para a sua inclusão, cidadania, respeito à diversidade sociocultural e de gênero, em parceria com a sociedade civil organizada de municípios vizinhos, como a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais, APAE.
Novas áreas de floresta estão sendo adquiridas no entorno da RPPN, para a formação de um corredor de proteção da biodiversidade Ave Lavrinha. No ano de 2012, trinta (30) hectares de mata foram anexados à fazenda e, em 2019, logo após a instituição legal da segunda RPPN na propriedade (RPPN Ave Lavrinha I), as duas áreas protegidas foram integradas. Todas as áreas de floresta da reserva e de seu entorno são protegidas por extensas linhas de aceiros, abertas e ou mantidas na época do inverno pelos funcionários da fazenda, além das trilhas para a visitação científica.
Atualmente, a propriedade é composta por seis glebas, adquiridas o longo do tempo, a partir de 1987, de membros da família proprietária² ou de terceiros. Correspondem às seis escrituras registradas em cartório, sendo as glebas aqui denominadas de “Casa da Nietta”, “Casa Sede”, “Casa Vermelha”, Casa Amarela”, “Casa do Tear” e a gleba “São Bento”, a última adquirida para ampliar a RPPN. A RPPN Ave Lavrinha está situada na gleba da Casa Vermelha e a RPPN Ave Lavrinha I na gleba do São Bento.
(2) veja o histórico completo no Plano de Manejo de 2019.
Área total da propriedade – Fazenda Lavrinha: 138,01 ha
Área total protegida: 72,27 ha, somando RPPN Ave Lavrinha (49,05 ha) e RPPN Ave Lavrinha I (23,22 ha)
Matas e florestas em excelente estado de conservação: 84%
Áreas em regeneração ou sob "efeito de borda": 16%
Nascentes dentro da propriedade: mais de 20
Principal curso d'água: Córrego da Lavrinha (com 11 afluentes, dentro e fora da propriedade)
Cachoeiras: 4
AVE LAVRINHA EM ALGUNS NÚMEROS
DEFINIÇÃO LEGAL PARA RPPN
Proteção dos recursos
ambientais da região
O DECRETO PRESIDENCIAL 1.922, DE 5 DE JUNHO DE 1996 define que:
"Art. 1° Reserva Particular do Patrimônio Natural - RPPN é área de domínio privado a ser especialmente protegida por iniciativa de seu proprietário, mediante reconhecimento do Poder Público, por ser considerada de relevante importância pela sua biodiversidade, ou pelo seu aspecto paisagístico, ou ainda por suas características ambientais que justifiquem ações de recuperação."
"Art. 2° As RPPN's terão por objetivo a proteção dos recursos ambientais representativos da região."
"Art. 3° As RPPN's poderão ser utilizadas para o desenvolvimento de atividades de cunho científico, cultural, educacional, recreativo e de lazer, observado o objetivo estabelecido no artigo anterior (…)".
CARACTERIZAÇÃO
Formadas por remanescentes de mata atlântica e cercadas pelas cristas angulosas da Serra da Aparecida, as duas áreas que formam a RPPN Ave Lavrinha têm, como mencionado, um total de 72,27 hectares de extensão e são recortadas por vales profundos, com altitudes variando entre 1.340 m e 1.740 m.
O clima é subtropical úmido, com temperaturas médias mensais que oscilam entre 13º C no inverno e 20º C no verão. A vegetação da RPPN é de Floresta Ombrófila Alto-Montana, com destaque para o cedro, canela, angico, mulungu, canjarana, aricanga, grumichá e massaranduba. Hoje, 84% da área total são cobertos por matas de clofrestas em excelente estágio de conservação, enquanto os 16% restantes estão em áreas de regeneração ou sob maior efeito de borda.
Na fauna, foram identificadas até agora 135 espécies de aves, 40 delas de especial interesse conservacionista, como a choquinha-da-serra (Drymophila genei), o pinto-do-mato (Hylopezus nattereri), o estalinho (Phylloscartes difficilis), e a cigarra-verdadeira (Sporophila falcirostis).
Dentre os mamíferos, destacam-se os bugios (Allouata fusca), sauás (Callicebus personatus) e gatos-do-mato (Leopardus tigrinus), além da onça parda (Puma concolor).
CONHEÇA AQUI POUCO DA BIODIVERSIDADE DA LAVRINHA
Fauna
Flora
NOSSOS PESQUISADORES EM CAMPO
PLANO DE MANEJO
A RPPN Ave Lavrinha possui, desde 2009, um Plano de Manejo, aprovado pelo Instituto Estadual de Florestas, IEF/MG. Sua Primeira versão foi elaborada durante todo ano de 2008 sob a coordenação de Nilo Salgado Jardim e de Nietta Lindenberg do Monte. Vizinhos, funcionários e especialistas de diferentes áreas de conhecimento participaram dos estudos, reuniões e debates para a elaboração da proposta, que se fundou também em pesquisas realizadas pela Universidade Federal de Lavras na área da fazenda, reserva e entorno. O Plano estabeleceu o zoneamento da Reserva, os seus objetivos e as diretrizes para sua gestão.
Em 2016, quando a Reserva Particular do Patrimônio Natural Ave Lavrinha completava 10 anos de criação, percebeu-se a necessidade de atualização de seu Plano de Manejo, de forma a contemplar a evolução do trabalho ali desenvolvido e a experiência acumulada, além do aumento da área da reserva e, também, dar mais “personalidade” e “endereço” ao documento. A mesma equipe de coordenação da primeira versão foi então convocada para o trabalho de revisão e atualização, tendo o mesmo sendo concluído e aprovado pelo Instituto Estadual de Florestas, IEF/MG em 2019.
O Plano reafirma os princípios, necessidades próprias e rumos das RPPNs Ave Lavrinha e Ave Lavrinha I, que visam proteger a biodiversidade e os recursos hídricos das terras florestadas de Mata Atlântica do Alto Vale da Lavrinha, a sociodiversidade das culturas, os modos de vida e as iniciativas locais, conforme a definição de sua missão:
“Promover o desenvolvimento das pessoas, apoiando a melhoria da qualidade de vida da comunidade, das gerações de hoje e do futuro, com atenção ao social, ao cultural, à educação e ao meio ambiente, respeitando todos os seres vivos, promovendo relações saudáveis entre as pessoas e com a natureza".
(Associação Ave Lavrinha, 2019)